Não é de hoje que os carros
da BMW fazem a maioria de seus donos sentirem-se mais atraentes do que
realmente são. A partir de agora, aqueles que comprarem os novos modelos
da Série 5 também terão suas habilidades de piloto infladas. O
responsável por essa doce ilusão chama-se Active Steering – Sistema de
Direção Ativa, fabricado pela ZF. Seu papel vai além de deixar o volante
leve ou pesado, como acontece nos sistemas elétricos e/ou hidráulicos
atualmente usados. O Active Steering é capaz de realizar proezas como
mudar o número de voltas que o volante precisa dar de um batente a outro
ou, ainda, assumir o controle do carro e fazer pequenas correções de
trajetória.
As mudanças automáticas acontecem por obra e graça da direção com
assistência elétrica. Além de fazer o motorista sentir-se um
halterofilista, capaz de girar o volante com facilidade (como no Fiat
Stilo), ela ainda vira as rodas por conta própria. Sensores de posição
da carroceria percebem inclinações excessivas, enquanto outros comparam
a velocidade em cada roda. Desse jeito, a central eletrônica descobre se
o carro está derrapando em uma curva ou com problemas de tração – como
ao passar com duas rodas numa poça d’água. Informado, o motor elétrico
gira a barra de direção até corrigir a trajetória. Isso diminui a
participação do controle eletrônico de estabilidade, que age cortando o
movimento das rodas. Com o Active Steering, a velocidade do carro é
preservada.
Outra estrela do sistema da ZF é uma pequena caixa de câmbio no meio da
coluna de direção, que torna a relação entre o movimento do volante e o
do pinhão mais ou menos direta. Um motor elétrico passa marchas de
acordo com a velocidade do carro. Em manobras de estacionamento, duas
voltas são o suficiente para as rodas virarem tudo o que podem e o carro
sair da vaga. Já em alta velocidade, quando qualquer golpe de direção
pode levar a derrapadas e capotagens, a reação das rodas torna-se mais
discreta. Também para conter os impulsos do motorista, um freio deixa a
direção mais pesada, como nos sistemas de direção hidráulica progressiva.
São características importantes em carros que se tornam perigosos em
mãos inexperientes. Como o BMW Série 5, um carro com 300 cavalos de
potência e 4,8 metros de comprimento, além de utilitários esportivos,
que têm centro de gravidade mais elevado.
Quando se fala em modernizar os sistemas de direção, é quase um
lugar-comum falar na introdução da tecnologia by-wire, que leva o
movimento do volante às rodas usando impulsos elétricos no lugar da
barra de metal. Na contramão, a BMW conservou a transmissão mecânica,
com coluna de direção, pinhão e cremalheira. A empresa diz que foi para
não filtrar as vibrações do chão que chegam ao volante – uma informação
que poucos percebem claramente, mas que muitos estranhariam se fosse
retirada. Outro motivo é o medo que os motoristas teriam ao deixar o
controle do carro entregue a um computador. Imagine: numa descida de
serra, surge no painel uma tela azul com a mensagem “seu volante efetuou
uma operação ilegal e será desligado”. Com o Active Steering, a ZF quer
ganhar experiência para um sistema totalmente elétrico, sem barra de
direção, que, diz a empresa, não chega ao mercado em menos de cinco anos.

Eu dirijo, BMW me guia
A resposta do pinhão 1
(que move a roda) ao movimento
do volante 2 fica mais ou menos direta
conforme a velocidade do carro, graças a uma caixa de câmbio
3 instalada no meio da barra de direção.
Um motor elétrico 4 alivia o esforço do
motorista e também faz correções de trajetória. Elas acontecem quando a
central eletrônica 5 percebe, avisada
por sensores 6 de velocidade, inclinação
e patinação, que o carro tem problemas de aderência ou estabilidade. Em
caso de pane elétrica, o carro permanece controlável. Afinal, trata-se
de um sistema mecânico, com barra de direção 7.
Marcelo Moura